domingo, 10 de abril de 2016
domingo, 14 de junho de 2009
Livro do Mês: O Poder e a Glória
FRACO E TRAIDOR, MAS COM UMA FÉ CERTA
por Julián de la Morena
Sacerdote da Fraternidade de missionário São Carlos Borromeu
Sacerdote da Fraternidade de missionário São Carlos Borromeu
Era um mau sacerdote e sabia disso. Queria fugir, porém, era escravo do seu povo. Um padre era considerado um traidor da República. E qualquer um que o protegesse tornava-se traidor como ele. Assim descreve Graham Greene a situação do protagonista de O Poder e a Glória.
Este romance – o mais lido no século XX, em língua inglesa – é fruto de uma viagem que o escritor fez às terras de Tabasco para conhecer a perseguição religiosa que teve lugar nos anos vinte, no México. O poder desencadeou um grande ódio contra a Igreja, achando que as pessoas esqueceriam rapidamente que, há pouco tempo, ali havia uma. Por esse motivo, não deixou em pé nenhum templo católico em toda a região central do Golfo do México.
Neste contexto, o livro descreve as peripécias e os dramas do único sacerdote católico presente no Estado que continua a exercer seu ministério, clandestinamente. Tinha um corte na testa, a polícia o procurava para fuzilá-lo. Carregava consigo as cicatrizes do tempo: os sapatos rotos denunciavam um passado diferente, enquanto as rugas no rosto sugeriam uma esperança e um temor em relação ao futuro. Não era nem herói nem santo, vivia como fugitivo, cheio de medos, com a consciência de ser um pecador, com o remorso de ter uma filha, que reconhecia como mais importante de todo o continente e, embora debilitado pela bebida, dizia zombeteiramente que com um pouco de conhaque era capaz de desafiar o demônio.
A coisa mais comovente do romance, e também a mais interessante para este momento histórico, é como para o protagonista, a fé é uma certeza que não se deixa determinar pelas misérias. Na narração, nem mesmo o povo se escandaliza com a fraqueza do padre, ao contrário, dá muita importância à vida eterna que nasce de novo por meio de cada sacramento, por meio de cada homem que torna Cristo presente.
A uma mulher que lhe propõe renunciar à fé, nosso homem responde: “É impossível, não posso. Eu sou um sacerdote e isso está fora de meu controle”.
Sem dúvida, a leitura deste livro oferece uma proposta de esperança para aqueles que se lamentam pela maneira como as ideologias estão marginalizando e perseguindo a Igreja com novos métodos e novas leis. Por outro lado, mostra como a vitória de Cristo é mais forte que as ideologias, mesmo quando é testemunhada por homens fracos. Do mesmo modo, nossas traições e nossos limites não podem impedir que a força de Cristo ressuscitado mude nossa vida e a dos outros, enchendo-os de esperança, como Teresa de Lisieux escreveu em uma carta, alguns dias antes de morrer: “Alguém poderia pensar que tenho esta confiança porque não fui uma pecadora. Torne conhecido, minha mãe, que sempre teria a mesma confiança mesmo que tivesse cometido todos os crimes possíveis. Estou convencida de que tal multidão de ofensas não seria mais que uma gota de água na chama ardente de um braseiro”.
Este romance – o mais lido no século XX, em língua inglesa – é fruto de uma viagem que o escritor fez às terras de Tabasco para conhecer a perseguição religiosa que teve lugar nos anos vinte, no México. O poder desencadeou um grande ódio contra a Igreja, achando que as pessoas esqueceriam rapidamente que, há pouco tempo, ali havia uma. Por esse motivo, não deixou em pé nenhum templo católico em toda a região central do Golfo do México.
Neste contexto, o livro descreve as peripécias e os dramas do único sacerdote católico presente no Estado que continua a exercer seu ministério, clandestinamente. Tinha um corte na testa, a polícia o procurava para fuzilá-lo. Carregava consigo as cicatrizes do tempo: os sapatos rotos denunciavam um passado diferente, enquanto as rugas no rosto sugeriam uma esperança e um temor em relação ao futuro. Não era nem herói nem santo, vivia como fugitivo, cheio de medos, com a consciência de ser um pecador, com o remorso de ter uma filha, que reconhecia como mais importante de todo o continente e, embora debilitado pela bebida, dizia zombeteiramente que com um pouco de conhaque era capaz de desafiar o demônio.
A coisa mais comovente do romance, e também a mais interessante para este momento histórico, é como para o protagonista, a fé é uma certeza que não se deixa determinar pelas misérias. Na narração, nem mesmo o povo se escandaliza com a fraqueza do padre, ao contrário, dá muita importância à vida eterna que nasce de novo por meio de cada sacramento, por meio de cada homem que torna Cristo presente.
A uma mulher que lhe propõe renunciar à fé, nosso homem responde: “É impossível, não posso. Eu sou um sacerdote e isso está fora de meu controle”.
Sem dúvida, a leitura deste livro oferece uma proposta de esperança para aqueles que se lamentam pela maneira como as ideologias estão marginalizando e perseguindo a Igreja com novos métodos e novas leis. Por outro lado, mostra como a vitória de Cristo é mais forte que as ideologias, mesmo quando é testemunhada por homens fracos. Do mesmo modo, nossas traições e nossos limites não podem impedir que a força de Cristo ressuscitado mude nossa vida e a dos outros, enchendo-os de esperança, como Teresa de Lisieux escreveu em uma carta, alguns dias antes de morrer: “Alguém poderia pensar que tenho esta confiança porque não fui uma pecadora. Torne conhecido, minha mãe, que sempre teria a mesma confiança mesmo que tivesse cometido todos os crimes possíveis. Estou convencida de que tal multidão de ofensas não seria mais que uma gota de água na chama ardente de um braseiro”.
Ficha Técnica
Nome: O Poder e a Glória
Autor: Graham Greene
Editora: Best Seller
São Paulo, 2008
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Nome: O Poder e a Glória
Editora: Best Seller
São Paulo, 2008
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segunda-feira, 11 de maio de 2009
Um Aventura pela Humanidade.
Professor de Literatura na Itália apresenta “A Divina Comédia” na Uerj
Elizabeth Sucupira
Da direita para a esquerda: O palestrante Franco Nembrini, Dr Carlos faria que realizava a tradução simultânea, Professor Fabiano Gomes da UERJ e Gabriel Cruz , presidente do Centro Cultural Fato & Presença
Muitos no Brasil já devem ter escutado falar sobre o escritor Dante Alighieri. Talvez alguns já tenham até lido sua principal obra “A Divina Comédia”. O texto é considerado a principal referência na língua italiana e também para a cultura ocidental. Um paradigma tanto para a linguagem quanto para a humanidade. Em 29 de abril, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) recebeu o professor italiano de Literatura e História, Franco Nembrini, em um evento promovido pelo Centro Cultural Fato e Presença. No encontro, ele fez uma apresentação da obra de Dante, falou sobre a Idade Média e, por fim, leu trechos e explicou o último canto do livro “A Divina Comédia”.
O professor, autor de uma coleção que estuda a obra de Dante, falou para uma plateia de cerca de 80 pessoas como os valores da Idade Média influenciaram no livro “A Divina Comédia”. E, diferentemente do que se fala nas escolas e universidades, a Idade Média não é a época da barbárie e da escuridão. “Devemos à Idade Média a concepção unitária da vida”, reforça Nembrini. Dante viveu de 1265 a 1321 em Florença, na Itália, em plena Idade Média. Nembrini explicou que por causa dessa ruptura, dessa distorção existente após a Idade Média, há sempre uma dificuldade em entender Dante.
O professor, autor de uma coleção que estuda a obra de Dante, falou para uma plateia de cerca de 80 pessoas como os valores da Idade Média influenciaram no livro “A Divina Comédia”. E, diferentemente do que se fala nas escolas e universidades, a Idade Média não é a época da barbárie e da escuridão. “Devemos à Idade Média a concepção unitária da vida”, reforça Nembrini. Dante viveu de 1265 a 1321 em Florença, na Itália, em plena Idade Média. Nembrini explicou que por causa dessa ruptura, dessa distorção existente após a Idade Média, há sempre uma dificuldade em entender Dante.
O Auditório da UERJ contou com a presença de alunos, professores e pessoas interessadas na Obra de Dante Alighieri
Sobre Dante, o professor enfatizou que o escritor busca o significado de todas as coisas que existem. “Ele quer saber se tudo que lhe acontece tem um significado. Procura a verdade, se preocupa com a verdade. O que ele tem de mais caro é o amor pela verdade, pelo bem e pela beleza”, acentua Nembrini. O texto de Dante tem relação com a imagem de uma bela menina. Desde criança, ele tinha a imagem de uma bela menina. “No encontro com aquela moça aconteceu o que ele esperava na vida. Deus sorriu para ele no sorriso de Beatriz. No encontro com Beatriz se realiza o encontro com Deus”, conta Nembrini. Beatriz morre de repente. Dante se encontra numa encruzilhada tremenda, encontrou algo que parece trazer felicidade, mas morre. Nembrini diz que Dante reflete muito sobre a morte de Beatriz. “Eu vim ao mundo com todo esse desejo de felicidade, encontro essa mulher que parece responder a esse desejo, mas ela morre”, completa Nembrini.
No livro, o caminho que Dante propõe tem uma introdução, 33 cantos do Inferno, 33 do Purgatório e 33 do Paraíso. A soma é cem. O número cem foi escolhido por Dante porque significa a perfeição. O número três se repete porque significa a Santíssima Trindade. A estrutura do Cosmo, segundo Dante: (esquema do desenho)
Dante acredita que o conhecimento do nosso mal é o início da nossa salvação. Para ele, cada um de nós é feito de inferno, purgatório e céu. O escritor afirma que é preciso conhecer todo o próprio mal para perdoar todo esse mal e chegar a Deus. “A Divina Comédia” fala primeiramente no Inferno. Ele começa a caminhar pelo inferno até o mais profundo do que seria este lugar. Em resumo, o inferno para Dante é o lugar onde fomos para fora para ver novamente as estrelas. Já no purgatório, Dante diz que é o lugar onde se está puro e disposto a chegar às estrelas. Por fim, no paraíso, é o lugar onde o amor é o céu e as estrelas. Mas por que Dante insiste tanto na palavra estrela? Para ele, a nossa vida tem a ver com as estrelas. Tudo tem a ver com as estrelas. Tudo tem a ver com o destino. Até o cabelo da vossa cabeça.
No livro, o caminho que Dante propõe tem uma introdução, 33 cantos do Inferno, 33 do Purgatório e 33 do Paraíso. A soma é cem. O número cem foi escolhido por Dante porque significa a perfeição. O número três se repete porque significa a Santíssima Trindade. A estrutura do Cosmo, segundo Dante: (esquema do desenho)
Dante acredita que o conhecimento do nosso mal é o início da nossa salvação. Para ele, cada um de nós é feito de inferno, purgatório e céu. O escritor afirma que é preciso conhecer todo o próprio mal para perdoar todo esse mal e chegar a Deus. “A Divina Comédia” fala primeiramente no Inferno. Ele começa a caminhar pelo inferno até o mais profundo do que seria este lugar. Em resumo, o inferno para Dante é o lugar onde fomos para fora para ver novamente as estrelas. Já no purgatório, Dante diz que é o lugar onde se está puro e disposto a chegar às estrelas. Por fim, no paraíso, é o lugar onde o amor é o céu e as estrelas. Mas por que Dante insiste tanto na palavra estrela? Para ele, a nossa vida tem a ver com as estrelas. Tudo tem a ver com as estrelas. Tudo tem a ver com o destino. Até o cabelo da vossa cabeça.
Antes de começar a escrever o livro “A Divina Comédia”, Dante passou por um longo período reflexivo. Nembrini explica que Dante diz que se perdeu em uma selva escura. Na escuridão, não há possibilidade de conhecer e por isso de amar. Se houvesse luz, poderíamos conhecer um leão, uma onça. Dante intui que Deus existe. O professor enfatizou que para Dante a guerra da vida é decidir qual é o caminho, quais são os nossos mestres. Atrás de quem nós vamos andar.
Por fim, Franco Nembrini fez uma breve apresentação do último canto do Paraíso. Ele descreveu a cena em que Dante está sentado ao lado de São Bernardo. De um lado, está Nossa Senhora e do outro, Deus. São Bernardo pede à Virgem Maria que conceda a Dante contemplar a Deus. O poeta vê um tríplice círculo no qual está revelada a Trindade Divina. E depois, tem a sublime visão. A primeira parte do Canto XXXIII do Paraíso, o último do livro “A Divina Comédia”, é uma Oração a Maria. Os versos se seguem de forma surpreendente, talvez um dos textos mais importantes da humanidade, e o canto termina com a palavra “estrelas”.
Fotos: Rodrigo Canellas
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Próximo Evento:
Muitos já ouviram falar mas poucos se aventuraram a ler os 100 cantos sobre o Inferno, o Purgatório e o Paraíso na visão de Dante Alighieri.
Por isso o Centro Cultural Fato & Presença apresentará na UERJ o evento Em busca da humanidade perdida – uma apresentação da obra A Divina Comédia.
O evento terá a presença do professor de Literatura e História Franco Nembrini, que publicou, sobre a obra, na Itália, uma coleção de três volumes intitulada alla ricerca dell´io perduto.
Nembrini apresentará um panorama da mentalidade medieval e falará sobre A Divina Comédia com foco no canto XXXIII, do Paraíso.
Quem é Franco Nembrini?
Italiano, professor de literatura italiana e história, autor da coleção Alla ricerca dell'io perduto, L'umana avventura di Dante.Também é Ex-Presidente da Associação Opere Educativi (1999-2006) e membro do Conselho Nacional de Escolas.
Abaixo segue uma pequena palestra de Nembrini sobre a obra Divina Comédia (em Italiano)
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